Respiração bucal e TDAH: sintomas similares podem dificultar diagnóstico

Ortodontista esclarece que avaliações abrangentes são essenciais para diferenciar condições e evitar tratamentos inadequados; entenda como minimizar enganos. O que é um respirador bucal? Por que pode haver engano com o diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)? É possível distingui-los ou diferenciá-los? Como se pode ver, o assunto traz uma série de dúvidas e questionamentos que apenas um profissional da área é capaz de elucidar.

Respiradores bucais são pessoas que predominantemente respiram pela boca, em vez de pelo nariz. Essa condição pode ocorrer devido a obstruções nas vias aéreas nasais, como adenoides ou amígdalas aumentadas, alergias, desvio de septo, ou até hábitos adquiridos. Esse processo respiratório pode levar a problemas de saúde significativos, incluindo má oclusão, problemas dentais, distúrbios do sono, e até impactos no desenvolvimento facial.

Curiosamente, os sintomas dessa condição podem se sobrepor aos do TDAH, gerando confusão nos diagnósticos. Um dos principais motivos para os enganos é a similaridade dos sintomas. Crianças que respiram pela boca frequentemente apresentam dificuldades de atenção, hiperatividade e comportamento impulsivo, características comumente associadas ao transtorno. “A má qualidade do sono causada pela respiração bucal pode resultar em cansaço diurno, dificuldade de concentração e irritabilidade,” explica Carolina Cavalcante, ortodontista e especialista no atendimento a pessoas com respiração bucal. “Esses sintomas muitas vezes levam pais e educadores a suspeitarem de TDAH, quando, na verdade, o problema subjacente é a respiração bucal”, detalha.

A ortodontista enfatiza a importância de uma avaliação abrangente para diferenciar entre as duas condições. Um histórico médico detalhado e um exame físico minucioso podem revelar problemas respiratórios que contribuem para a respiração bucal, como rinite ou amígdalas aumentadas. Estudos do sono, como a polissonografia, são fundamentais para identificar distúrbios respiratórios do sono que podem ser confundidos com TDAH. “Uma abordagem multidisciplinar é essencial. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, nenhum diagnóstico é fechado sem antes o paciente passar pela avaliação de otorrinolaringologistas”, destaca Carolina. “Trabalhar em conjunto com outros profissionais como pediatras e psicólogos pode ajudar a garantir um diagnóstico preciso e um tratamento adequado”.

Um diagnóstico correto é fundamental para que um paciente receba o tratamento mais eficaz. Tratar uma criança com respiração bucal como se tivesse TDAH pode levar ao uso desnecessário de medicações, sem resolver a causa específica dos sintomas. Da mesma forma, não reconhecer a respiração bucal pode deixar a condição não tratada, perpetuando os problemas de saúde e comportamentais. “O cenário ideal é que os profissionais de saúde considerem ambos os diagnósticos ao avaliar uma criança com dificuldades de atenção e hiperatividade,” orienta a ortodontista. “Somente assim podemos proporcionar uma melhoria significativa na qualidade de vida dos nossos pacientes”, conclui.

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