Esporte e Respiração Fisiológica – Malefícios da respiração bucal em atletas

No contexto da promoção da saúde integral em atletas em formação, é crucial reiterar a importância da prevenção das alterações anatômicas, fisiológicas e posturais associadas à Síndrome do Respirador Bucal (SRB). A gravidade dessas implicações varia conforme fatores como a obstrução nasal, a idade em que a respiração bucal se torna um hábito e a duração desse padrão respiratório.

É fundamental enfatizar que a respiração nasal é a via adequada e natural para o funcionamento respiratório adequado em repouso e o desenvolvimento anatômico e fisiológico apropriado. No entanto, durante atividades físicas intensas, a respiração nasal pode ser substituída gradualmente pela respiração naso-bucal e, em exercícios de alta intensidade, até mesmo pela respiração bucal. É importante destacar que, mesmo temporariamente, a respiração naso-bucal ou bucal durante o exercício não implica problemas estruturais das vias aéreas nasais nem postura inadequada, ao contrário do que ocorre na SRB, onde a respiração bucal é um hábito constante, mesmo em repouso.

Cada esporte possui suas particularidades, inclusive no que diz respeito à respiração. Por exemplo, no caso de nadadores profissionais, a respiração desempenha um papel vital para manter o ritmo e o desempenho. A expiração é prolongada e ativa, e as vias nasais e bucais são utilizadas de maneira concomitante. A inspiração é curta e reflexa, realizada pela via bucal antes da imersão na água.

Estudos demonstram que o exercício intenso pode reduzir a saturação de oxigênio (SaO2%) em atletas altamente treinados em valores abaixo dos níveis de repouso. Isso levanta a hipótese de que as limitações nas trocas gasosas podem restringir o consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) em atletas altamente treinados com hipoxemia induzida pelo exercício. Embora as médias do VO2 máximo entre respiradores nasais e bucais tenham apresentado pequenas diferenças, essa diferença não foi estatisticamente significativa. No entanto, em situações de alto desempenho atlético, essa diferença pode ser relevante.

Além disso, a pesquisa destaca que a incapacidade de respirar pelo nariz pode diminuir o desempenho em até 30%, especialmente em atletas que sofrem da Síndrome do Respirador Bucal. Esses resultados podem ser atribuídos à falta de uma respiração adequada, sono reparador comprometido e alterações posturais. Portanto, mesmo que não haja uma diferença estatisticamente significativa, essa questão deve ser considerada em situações de alto rendimento atlético.

É vital que os profissionais da Ortodontia e do Esporte compartilhem essas informações e promovam o entendimento dessas questões para atletas, colegas de profissão e demais profissionais da saúde. Essa conscientização pode impactar positivamente no desempenho atlético e na qualidade de vida dos atletas.

Referência:
Burzlaff, João Batista Odontologia miofuncional: o caminho da integralidade.

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